Relações de trabalho

Sem desculpas demasiadas, não escrevi antes por não escrever mesmo. Pronto.
Enfim, maioria dos meus amigos encontram-se hoje trabalhando ou tentando trabalhar, deste modo, entenderão do que estou falando.
Enfim, encontro-me nesta vida de escravo social há um certo tempo já, mas foi somente agora que me dei conta de algumas coisas que rolam neste mundo obscuro das empresas e tal. É o lance da cumplicidade entre os vários trabalhadores que, cada um com a sua função, executam o produto final de cada segmento de empresa.
Mas como assim, Andrew? Explicar-me-ei.
Usarei como exemplo o jornal onde trabalho. Todos os dias, eu preciso realizar manutenções na máquina impressora do jornal para que, na noite, este pedaço de papel informativo seja impresso sem problemas, para que os funcionários que trabalham na parte operacional da máquina não tenham problemas. Ou seja, o trabalho deles depende do meu, assim como o bom uso da rotativa faz com que o meu trabalho seja mais simples, evitando mais problemas para serem sanados por mim. Em outros palavras, o meu trabalho depende do deles.
Ampliando um pouco este ciclo, para que eu trabalhe e os impressores trabalhem, o jornal precisa ganhar dinheiro, e como ele ganha dinheiro? Pelos anunciantes, patrocinadores, assinantes, vendedores e etc. Para isso acontecer, é necessário um bom trabalho de divulgação, boas matérias, notícias realmente novas, enfim. O que envolve uma outra gama de funcionários, que são o pessoal da redação, fotógrafos, colunistas, repórteres, gente do departamento comercial, enfim. mais uma tonelada de cabeças pensantes trazendo um bom conteúdo para o impresso. Em outras palavras, acabamos por depender uns dos outros cegamente.
Entregamos, todos os dias, nossos sonhos e vontades, que vem em formato de contra-cheque, nas mão de pessoas que, às vezes, desconhecemos, ou até não queremos conhecer. Como pode existir essa tal cumplicidade entre desconhecidos, eu pergunto. É uma coisa que me deixou pensando muito tempo, e me fez perceber uma outra coisa, também igualmente preocupante: nós não damos uma chance sequer para as pessoas.
Todos nós, um dia, não demos a chance para alguém apresentar-se, mostrar suas qualidades, seus defeitos. Pois é muito fácil enxergar isso nas pessoas, e aprender com isso: espelhar-se nas qualidades, e tentar evitar os defeitos em nós mesmos. Todos tem alguma coisa boa em si, nem que seja uma só, mas existe algo bom que possa nos acrescentar.
Ignoramos a existência, olhamos para o lado, fingimos que não vimos, botamos fones de ouvido para não ouvir o que nos falam. Os motivos são diversos e não caberiam aqui, mas todos sabem quais são, e sabem de igual maneira que fazem isso. Qual o problema de tirar 5 minutos do tempo de espera de um ônibus para ouvir a história de alguma pessoa realmente interessada em contá-la? As pessoas são incríveis, vejo isso a cada dia.
Todas tem uma história, todas tem uma vivência, todos passaram por problemas na vida, todos tem experiências a compartilhar. Por que não dar uma chance a estas vozes?
Então, meus caros, façam isso, parem e escutem a história que lhes chega aos ouvidos.

A moça do ônibus

Sem desculpas pela ausência, pelo menos por hoje.
Enfim, venho por meio deste contar um episódio acontecido há alguns dias atrás, com a minha pessoa.
Estava eu, no ônibus que pego todo dia para ir ao trabalho [Linha T3], lotado como sempre. Pessoas empurrando-se em um alvoroço de dar pena de quem estava em pé. Aliás, o ônibus é sempre assim: uma briga quieta por lugares melhores no corredor, pessoas extressadas já na primeira hora da manhã, mal esperando que o seu dia do trabalho faça isso pelo seus humores.
Enfim, perdido em devaneios tolos pelas ruas da capital gaúcha, com os fones de ouvido em um certo volume que brigava com o som do motor e das hostilidades alheias. Além, é claro, contrastando com a voz de um senhor sentado em um dos bancos antes do roleta, que projetava alto a sua voz de forma aleatória.
O empurra-empurra continuava feroz quando uma moça, que neste primeiro momento não teve a devida atenção recebida, subiu no ônibus. Tentou galgar um bom espaço, e achou melhor não arriscar ir até o final do carro, decidiu ficar por ali mesmo, perto da roleta. Quando meus olhos cruzaram por ela, percebi que ela não conseguia conter o riso. Em um primeiro momento, pensei que ela estava ouvindo algo engraçado nos seus fones de ouvido. Uma piada, uma música engraçada, alguma coisa que lembrasse algum momento alegre da sua vida, enfim. Novamente, não dei muita atenção ao ocorrido.
Porém, notei que ela não parava de rir, tentava segurar, mas não conseguia. Logo notei também que ela, ao contrário do que tinha pensado, não usava fones de ouvido nem qualquer outro acessório que pudesse ser o motivo deste mal súbito de riso. Logo, parei para prestar atenção neste episódio. E ela continuava a não conter o riso. Isso me contagiou, e eu também ri, ela não notou, e isso também não importa, mas fui pensando nisso o resto da viagem.
Chegando ao meu local de trabalho, entre um parafuso e outro, contava o acontecido para meu amigo e colega de trabalho Wagner. E cada vez que eu falava, não conseguia conter o meu riso. Passei o dia assim, toda vez que lembrava, começava a rir sem parar, sem conseguir conter o riso. Logo, parei para analisar toda a situação, e percebi que, talvez, eu estava participando de uma corrente invisível de pessoas, na qual um contagiaria o transeunte seguinte com uma incontrolável vontade de rir, do nada.
Pode parecer bobagem, mas isso melhorou meu dia, minha semana. Rir sem motivo foi a minha terapia para passar por um período bem extressante no emprego.
Acredito mesmo que consegui contagiar alguém. Acredito que alguma pessoa chegou para o seu amigo e contou que viu um rapaz rindo-se sozinho na rua, sem motivos, apenas rindo. E acabou, no mínimo, sorrindo ao lembrar, talvez pelo fato de ser engraçado, talvez pelo fato de ter sido atingido por esta corrente.
Enfim, não sei o que aconteceu, não sei se estou certo. Só sei que descobri um bom remédio que já havia esquecido há algum tempo: rir sem motivo.

Minha dica para todos é: riam sem motivos, e foda-se o mundo a sua volta, teu sorriso vai fazer o dia de alguém melhor.

Amizades: Hoje e ontem.

Eu não vou conseguir dormir enquanto não escrever TUDO o que eu estou pensando agora. Minha cabeça não vai parar de rodar, meus sentimentos vão explodir dentro do meu coração caso eu não externe tudo isso.
Comecemos do início.
Comentei com meu brother de todas horas Jean, que ficava triste com o fato de pessoas que outrora me tinham como 'amor', e hoje não mais me conhecem. Acredito que isso aconteça com mais pessoas que eu, mas eu realmente fico triste, meu peito dói quando isso acontece. Motivo? Não sou adepto de mudanças, caso ela seja necessária, que seja de forma vagarosa e indolor, ou seja, se EU tratei uma pessoa por 'amor', essa pessoa será por algum tempo [leia-se tempo pra caralho] um 'amor' para mim.
Porém, sinto que a efemeridade dos sentimentos dos outras pessoas para comigo, é real. Esquecem-se ou não sabem que, na realidade, as coisas sempre foram verdadeiras. Eu não banalizo sentimentos, externo caso sinta, não em reciprocidade simplesmente.
Isso, é claro, é natural, chama-se 'evolução'. Mas evoluir e mudar, tem diferenças sim. Quando a pessoa evolui, os laços se fortalecem, quando a pessoa muda, esses mesmos laços se enfraquecem. Mas como discernir um do outro? Isso simplesmente se sente. Mas como a teoria de Einstein sugere, tudo depende do referencial. O que pode significar mudança pra ti, pode também ser evolução para tantos outros. Não entrarei neste mérito, por ser uma discussão sem fim definido.
Tenho amigos [e a designação 'amigo' se aplica à poucos] que se passarmos anos sem sequer falarmo-nos, quando enfim tivermos o prazer de novamente conversar, tudo estará igual. Não porque não mudamos ou evoluímos, mas sim porque evoluímos juntos, cada uma de sua maneira, mas juntos. E isso só reforça o fato de realmente termos algum vínculo forte, que nos impede de sermos separados.
Hoje, durante a noite, tive a feliz oportunidade de conversar com a Jana Morais exatamente sobre isso: amigos. E fiquei feliz ao constatar [e um pouco assustado também, admito] que ela comentou algo que era exatamente o que eu tinha escrito em um post no Tumblr há mais de um mês atrás [link no final do post].
E isso me fez pensar, muito mesmo. Em muitas coisas. Consequentemente, o dia hoje foi muito intenso. Mesmo que ninguém tenha percebido, nem eu mesmo, o dia foi demasiado forte emocionalmente, difícil de digerir. Por agora estou aqui escrevendo.
Este post é dirigido exclusivamente para MUITAS pessoas. Queria escrever um post para cada uma delas, mas seriam muitas palavras, algumas até que nunca seriam lidas, tenho absoluta certeza. Mas eu sei, que quem realmente falava a verdade quando me chamava de 'amor', vai ler este post, e vai entender. Quem sempre mentiu, não vai se dar ao trabalho de abrir meu blog, tenho certeza.
Infelizmente, as coisas acontecem desta maneira, pessoas ficam para trás, pessoas aderem à caminhada na tua companhia. Mas sempre há aqueles que, não importa o que aconteça, se a trilha ficar estreita demais para seguir do teu lado, vão te dar a mão para não se perderem.

E eu sei exatamente quem são estas pessoas.


Links complementares a esta postagem: Publicação no Tumblr mencionada na conversa com a Jana AQUI, e a publicação relatando os sentimentos de hoje AQUI.

Papo sério: Diabetes

Boa noite, meus caros.
Venho hoje, por meio deste para falar sobre esta doença que cada vez mais atinge pessoas de todas idades. O motivo? Recentemente fui diagnosticado com essa doença, e sendo assim, obrigado a viver uma vida regrada e com várias restrições. Por isso resolvi comentar algumas coisas básicas sobre o assunto.

Bom, primeiramente: O que é a diabetes?
A diabetes é uma doença que se caracteriza pelo aumento de glicose no sangue. Um dos motivos deste aumento da glicose no sangue pode ser o mau funcionamento do pâncreas, órgão que produz o hormônio insulina. Neste caso, o órgão não produz, ou produz uma quantidade insuficiente de insulina, que impossibilita o açúcar ingerido de entrar na célula e gerar energia, este açúcar que não pode ser metabolizado, fica na corrente sanguínea, que é filtrada pelos rins e acaba por ser eliminada pela urina. Este tipo da doença denomina-se Diabetes Mellitus Tipo 1 (DM1). Os portadores deste tipo da doença dependem da injeção diária de insulina para manter sua glicose regulada, além de uma monitoração constante da glicemia no sangue para ministrar a posologia correta da insulina. Normalmente tem seu início antes dos 35 anos, o que não significa que não atinja outras idades.
O outro tipo da doença, a Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) caracteriza-se pelo meu funcionamento dos receptores das células musculares e adiposas. Por inúmeras razões, estas células não conseguem metabolizar glicose suficiente da corrente sanguínea, o que é conhecido como 'resistência insulínica'. Neste caso, o pâncreas pode produzir insulina suficiente ou não, por conseguinte, depender da aplicação subcutânea de insulina ou não. Dependendo do caso, pacientes com DM2 podem fazer seu tratamento com remédios, exercícios físicos, controle de alimentação, ou a combinação destes métodos com o uso da insulina. Normalmente tem seu início depois dos 40 anos de idade.

Principais sintomas:

Os dois tipos de diabetes apresentam alguns sintomas diferentes, porém é necessário atentar-se a todos. Na DM1, os sintomas mais comuns são: vontade de urinar frequente, muita fome, sede constante, perda de peso, fraqueza, fadiga, irritabilidade, oscilações de humor, náuseas, vômito.
E os sintomas mais frequentes na DM2 são: infecções frequentes, alteração visual (visão embaçada), demora na cicatrização de feridas, formigamento nos pés, furunculose e é mais comum em pessoas obesas e sedentárias, mas também pode atacar as pessoas 'em forma'.

Vivendo com diabetes:

A vida do diabético é um pouco complicada. Horários para comer, horário para dormir, hora para acordar, manter uma boa alimentação, controlar a glicemia com frequência, fazer a injeção de insulina quando necessário. Mas não é somente a vida do diabético que tem que mudar, todos do seu ciclo familiar, de amigos e conhecidos tem de se adaptar. Não com mudanças radicais, mas é necessário que todos tenham o conhecimento da doença para saber como agir em algum momento de necessidade.
Um exemplo disso é quando um diabético sofre um quadro de hipoglicemia. 
A hipoglicemia ocorre quando a quantidade de glicose no sangue é muito baixa, podendo ocorrer pela injeção de insulina ou então por alguma falha na alimentação.
A hipoglicemia pode ser identificada se for observado que o diabético está tremendo, suando frio, irritado, com tonturas. Nesta caso, é necessário elevar a glicose, que é a parte fácil. Um copo de refrigerante não-dietético, um pouco de chocolate, bolacha recheada, balas com açúcar, enfim, qualquer doce deve ser dado ao diabético nesta situação. Após a situação estabilizada, é necessário fazer uma medição da glicemia no sangue.

Enfim, este foi um pequeno resumo para o conhecimento geral de todos. É importante ter algumas informações básicas sobre a diabetes para saber como lidar em certas situações, além de conhecer os sintomas para estar alerta com seus conhecidos e consigo mesmo. Quanto antes o controle da doença for iniciado, mais complicações podem ser evitadas.
E sou diabético tipo 1, insulino dependente. Preciso fazer teste de glicemia, no mínimo, três vezes ao dia, injetar insulina ao acordar, e também antes das refeições, caso minha glicose esteja muito alta. Não posso comer doces, como todos sabem, mas também não posso ingerir pratos muito calóricos. Também não posso beber, os efeitos do álcool são mais forte em diabéticos.
Também não gosto de médicos, não gosto de seringas, também não gosto de furar o dedo e fazer o teste de glicemia. Não gosto de acordar cedo, nem de me encher comendo salada ao invés de um churrasco. Não gosto, também, de ir em uma festa, e não poder beber, cuidando o relógio para ver a hora certa de comer. Odeio alimentos diet também, odeio adoçante e não sou o maior fã de frutas, também.
Mas sim, eu gosto de viver, de poder caminhar com meus amigos, tocar violão, baixo. Gosto de almoçar com a minha família, gosto de ir visitar meus parentes distantes. Gosto de ver sorrisos em rostos, de ficar sem fazer nada, de passar noites conversando.
E é justamente por estas coisas que eu gosto, que o controle da diabetes vale a pena.

Visite seu médico.

Em um dia de Agosto

Cinza, escuro. O vento fustiga os rostos mais desprotegidos, além, é claro, de fustigar todo o corpo de igual maneira.
‘Quer comprar um guarda-chuva, amigo? O temporal já vem se armando!’
Limitou-se a ignorar a oferta do vendedor ambulante, que estava preocupado com a vinda do policial na esquina. Olhou a sua volta, ignorando os sons, concentrou-se nas imagens.
Velocidade, preocupação, medo, alegria. A atmosfera já encontrava-se pesada pelo advento natural, e os sentimentos das pessoas ajudavam da sua maneira, contribuindo para o ambiente se tornar sufocante.
Mas não se importou, por um momento pareceu que não precisava mais respirar, ignorou as gotículas gélidas que caiam do céu naquele momento. Ignorou, também, o fato de que elas pareciam cortar a carne naquela tarde fria, pois o vento permanecia imponente. As pessoas que esbarravam nele tinham sentimentos exatamente opostos ao dele, se é que tem como ter sentimentos opostos a nenhum sentimento.
A chuva aumentava a medida que os transeuntes rareavam. Aos poucos a rua ia se tornando vazia, triste. Não mais vendedores, não mais transeuntes. O horizonte se tornou branco sob uma abóbada cinza e agressiva. As gotículas haviam crescido, tornando-se fortes golpes ao chão. Não mais se pode ignorar o barulho, tanto pelo fato de ter se tornado incômodo aos ouvidos, tanto pelo uso da visão ter se tornado difícil.
Decidiu então, fechar os olhos para a triste cena da avenida em sua frente, sendo alvejada por grossas gotas sem pudor ou piedade. Não mais enxergando, sua audição foi aguçada, fazendo com que tivesse a sensação de que podia sentir cada gota ao tocar o chão. Sentiu como se frio asfalto hostil fosse seu corpo. Inclinou a cabeça um pouco para trás, sentia seu rosto sendo cortado por gélidas navalhas, mas não se importou tanto com a laceração de sua carne, mas sim com os sons que ouvia.
Ouvia uma guerra a sua volta, vozes raivosas praguejando para os céus, reclamando de seus calçados molhados, lamentando o dinheiro gasto no salão de beleza, pedindo uma licença hostil para possibilitar a passagem. Pés pesados jogavam água para todos os lados, molhando grossas calçasjeans que passavam tentando manter-se em baixo de uma marquise.
Abriu os olhos, mas não se concentrou na imagem, esqueceu-se de todos sons a sua volta, e em um movimento quase mecânico esticou o braço em tom solene, e abriu a mão em um gesto amigável. Sentia agora o peso, o peso de um mundo inteiro caindo quase que por completo na palma da sua mão. Sentiu que que poderia brincar com aquilo, jogar para cima, praticar malabares. Mas logo o medo invadiu seus pensamentos, como um véu negro cobre o rosto da viúva. Sentiu que se fizesse qualquer coisa, todo o peso cairia de suas mãos e tombaria no chão.
Recolheu seu braço a sua posição original, deu dois passos quase vacilantes em direção a rua, desceu da calçada e ficou parado, em frente à um velho Opala SS. Não percebeu, mas logo no início da rua, um novo convidado vinha chegando. O ônibus balançando já mirava o seu lugar de estacionar em frente a placa quebrada do terminal. O grande veículo vinha como um grande animal feroz correndo atrás de sua presa, não se importando com a chuva que fustigava o seu para-brisa. Desavisado, o homem dá um passo a frente e estagna de repente, e ônibus já se encontrava perto. A sua roda dianteira em um primeiro momento, logo, a roda traseira acertaram a poça mais funda da rua, que se encontrava na frente do homem.
Observou o ônibus seguir seu curso, quando o viu estacionar, olhou para baixo. Viu seu velho sobretudo de gabardine, herança de seu pai, com algumas grandes manchas de barro. Analisou seu jeans escuro e percebeu que também continham rastros do incidente com a poça. Levantou seu rosto e pôde observar, através da chuva mais fraca, que vários transeuntes de encontravam do outro lado da rua, com grandes olhos de espanto olhando fixamente para ele. Sem conseguir absorver as informações a sua volta, sem sua mente conciliar os motivos de tanto espanto, disse para os seus espectadores:
‘É somente chuva.’
As pessoas continuavam a fitá-lo, agora com ar curioso mediante ao seu comentário inesperado e considerado aleatório pelos seus ouvintes. O homem percebeu que as expressões pouco mudaram, percebendo assim, que os seus ouvintes não entendiam os seus sentimentos. Decidiu dizer, por fim:
‘Sejam hostis com a chuva, e ela pintará o céu de escuro e fustigará seus rostos com todo o seu potencial. Aceite-a e ela continuará fustigando seu rosto e as cores do céu não mudarão, mas ela lavará a sua alma e jogará o mundo inteiro em suas mãos para você decidir o que fazer com ele. Exatamente como é a chuva, são as pessoas, e se estou falando isso agora, é porque nenhum de vocês aceita quem está ao seu lado, e fustigam os rostos um dos outros todos os dias, sem perceber.’
O homem baixou sua cabeça, botou as mãos dentro dos bolsos laterais de seu sobretudo encharcado, e subiu a rua 17.